10 de dezembro de 2012

Geléia de Morango

Desde criança fazer geleias é uma tradição na minha família...sempre via minha mãe e minhas tias se reunirem  pra fazer tachos e mais tachos de geleia, porque no interior do RS é assim fazer e era uma festa, as frutas sendo descascadas e colocadas num tacho de bronze, depois o cheirinho delicioso exalando pelo ar e os vidros que duravam por meses, sendo saboreados aos poucos.
Eu como vim pra capital há mais de vinte anos, ainda trago lá de fora geleias feitas pela minha mãe, mas de morango a minha preferida, só comprando mesmo e a minha decepção a cada compra ao abrir os vidros cresce a cada dia, no último que eu comprei inocentemente num mercadinho aqui perto de casa, a cor era tão linda, a procedência de uma cidadezinha do interior me fez crer que dentro tinha morango mesmo, como estava sem óculos não pude ler o rótulo (porque as letras são minúsculas) não vi na hora que  geleia de morango na verdade era feita de polpa de morango, polpa de maçã (bem mais claro  porque a maçã é mais barata, açúcar, glicose,conservante benzoato de sódio,acidulante, ácido cítrico,corante vermelho ponceau e aroma idêntico ao natural.Imaginem a minha indignação a ler tudo isso!
Claro que isso foi há muito tempo e hoje eu não tenho um tacho de bronze pra fazer muito vidros de geleia como antigamente, mas hoje comprei 6 caixinhas de morango(uma ficou guardada na geladeira pra Alicinha), então usei cinco caixinhas de morango, 700 gramas de açúcar, um limão e duas colheres de vodca.
A vodca deixa a geleia com uma cor linda.
Esta receita eu tirei de um blog maravilhoso:
http://www.acozinhacoletiva.blogspot.com.br
                                          Morangos picadinhos na panela, um limão espremido

                                          700 gramas de açúcar

                                          2 colheres de sopa de vodca

                                          Quase no ponto, quando aparecer o fundo da panela,

                                            nenhuma geleia que você comprar vai ter tantas pintinhas assim...

                                           Resultado dois vidros cheios de geleia
A receita ficou uma delícia  agora tenho a certeza de estar comendo uma verdadeira geléia de morango e o mais importante sem nenhum conservante.

4 de março de 2012

A raiva constrói



Quando alguém nos magoa e nos faz sofrer, o que acontece? Ou se sofre, o que em grande parte das vezes termina em depressão, ou se fica com muita raiva, o que é bem melhor. Mas a raiva -foi o que nos ensinaram- é um sentimento feio, baixo, que pessoas superiores não devem ter
Mas vamos discordar: uma boa raiva com motivos é saudável, e faz muito bem à pele, ao coração e à alma, além de evitar o infarto. E quem está querendo ser superior?
Conseguir ter raiva é excelente para a saúde física e mental; a depressão nos leva para a cama e tira a vontade das coisas mais banais, como tomar banho, passar uma escova no cabelo, comer, ler, quem não sabe?
Já a raiva faz com que se façam coisas, mesmo que sejam coisas erradas.
Na depressão você não se levanta nem para ir a um cabeleireiro; já na hora da raiva você pinta o cabelo de vermelho, o que é muito melhor do que ficar prostrada olhando para o teto.

Exemplos são sempre ótimos: se uma mulher é abandonada por um homem, entre a tristeza e o ódio, o que é melhor? O ódio, claro. Por raiva e ódio as pessoas querem e devem mostrar que não é qualquer coisa que as derrubam. A primeira providência de uma mulher (saudável) com raiva é pensar: "Como é que vou me vingar?"
Em primeiro lugar, mostrando que não está sofrendo. Para isso é preciso estar na sua melhor forma, razão mais do que suficiente para perder aqueles três quilinhos, comprar um vestido novo, pegar um sol, aposentar definitivamente o uniforme tênis e jeans e voltar a usar um bom salto alto. Parece bobagem? Pois não é.
Dificilmente você vai ver uma mulher se equilibrando num salto oito com depressão.
De salto, automaticamente se encolhe a barriga, se levanta o queixo, e os ombros ficam na posição certa, como se desafiasse o mundo. Se cruzar com ele, não é melhor estar maravilhosa do que arrasada?
Uma coisa leva a outra: por sentimentos nobres como o amor próprio, o orgulho, a vaidade e a raiva, não se deixa a peteca cair -em público, pelo menos-, e com isso vem o hábito de não deixar a peteca cair nunca, a não ser no divã do analista.
Pense um pouco: se você é normal, deve ter raiva de alguém. O que deve fazer para irritar esses alguéns? Ficar linda, maravilhosa, ter sucesso, ser vista sorrindo, vibrando, enfim, ser feliz.
Digamos que você seja uma desenhista de moda e que esteja sem a menor inspiração. Faz o quê? Pensa numa pessoa que detesta e imagina a glória de fazer um trabalho elogiado, que faça com que você se torne a melhor de todas. Só de pensar nesse delicioso prazer, é capaz de baixar em você o espírito de Balenciaga e o trabalho fluir fácil, só de raiva.
Quando for ao jornaleiro da esquina, pense que pode se encontrar com ele -aquele que fez você sofrer tanto-, e é claro que vai se realçar antes de descer.
Se acontecer, não vai ser ma-ra-vi-lho-so ele ver como você está muito mais linda agora, sem ele? Deve estar sendo muito bem tratada, ele vai pensar.
E pode ser ainda melhor: encontrar na esquina outro que te faça feliz para sempre por uns tempos -ou não?
Por isso, querida, quando vier aquela raiva cega, aquela vontade de gritar, de xingar, de matar, transforme toda essa energia a seu favor.
Assim como o amor constrói para a eternidade, a raiva pode construir a prazo bem mais curto -e de superior e inferior, afinal, todos nós temos um pouco.
Uma delícia, ter uma boa raiva; e sobretudo, muito construtivo.

Danuza Leão

Artigo publicado no jornal Folha de São Paulo.

16 de janeiro de 2012

"Quando eu fizer 18 anos vou morar sozinha"


Desde pequena eu ouço, "Quando eu fizer 18 anos, vou morar sozinha", mas ouvir e imaginar é uma coisa e enfrentar a realidade é outra coisa bem diferente, e foi isso que aconteceu no segundo semestre de 2011, a Camila então com 19 anos decidiu que era hora de sair de casa, não foi morar sozinha, mas com a vó.
Isso dilacerou meu coração, não estava preparada pra isso, foi sofrido, foi terrível...ficamos de mal, falamos coisa sem pensar e nos arrependemos...mas agora as feridas estão cicatrizando afinal, filhos são pra vida toda, e chego a conclusão que o melhor mesmo é te apoiar e realizar o teu sonho, ter o teu cantinho.
Tu mesma já me disse, "Mas tu saiu de casa com 18 anos também", mas eu morava no interior, queria abrir meus horizontes, conhecer o mundo e sei que tu também do teu jeito claro...e tu cresceu muito nesses meses. Acho que nós crescemos e esses dias ouvi isso da minha mãe..."Mas tu não fez o mesmo minha filha?" Pois é sábias palavras da minha mãe, que agora enfrenta um câncer e precisa de  todos unidos pra ajudá-la.
Afinal criamos os filhos pro mundo e chega um dia em que eles vão bater asas e voar, acho que nunca vou estar preparada pra isso com nenhum dos meus filhos, sempre vou querer eles perto de mim, convivendo diariamente, querendo saber o que fazem , o que pensam, quais seus sonhos e frustrações.
Sou assim mesmo, mais emoção do que razão, quem me conhece sabe disso, sou canceriana a mãezona de todos os signos, isso todo mundo já sabe. E se algumas vezes piso na bola, com meus filhos, podem ter certeza é com a  melhor das intenções e sempre querendo fazer o melhor, foi assim com a Camila e vai ser sempre assim com o Matheus e a Alícia.