8 de fevereiro de 2009

A voz do Silêncio


Pior do que a voz que cala, é um silêncio que fala. Simples, rápido! E quanta força! Imediatamente me veio à cabeça situações em que o silêncio me disse verdades terríveis,pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.

Um telefone mudo. Um e-mail que não chega.Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca. Silêncios que falam sobre desinteresse,esquecimento, recusas.

Quantas coisas são ditas na quietude,depois de uma discussão.

O perdão não vem, nem um beijo,nem uma gargalhadapara acabar com o clima de tensão.

Só ele permanece imutável,o silêncio, a ante-sala do fim.

É mil vezes preferível uma voz que diga coisasque a gente não quer ouvir,pois ao menos as palavras que são ditasindicam uma tentativa de entendimento.

Cordas vocais em funcionamentoarticulam argumentos,expõem suas queixas, jogam limpo.

Já o silêncio arquiteta planosque não são compartilhados.

Quando nada é dito, nada fica combinado.

Quantas vezes, numa discussão histérica,ouvimos um dos dois gritar:"Diz alguma coisa, mas não fica aí parado me olhando!"É o silêncio de um, mandando más notícias para o desespero do outro.

É claro que há muitas situaçõesem que o silêncio é bem-vindo.Para um cara que trabalha com uma britadeira na rua,o silêncio é um bálsamo.

Para a professora de uma creche,o silêncio é um presente.Para os seguranças de um show de rock,o silêncio é um sonho.

Mesmo no amor,quando a relação é sólida e madura,o silêncio a dois não incomoda,pois é o silêncio da paz.

O único silêncio que perturba, é aquele que fala.E fala alto.É quando ninguém bate à nossa porta,não há emails na caixa de entradanão há recados na secretária eletrônicae mesmo assim, você entende a mensagem.

Martha Medeiros

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